Aula 09 - A fotografia digital
Funcionamento
Ao invés de usar o antigo filme, as câmeras digitais possuem um dispositivo contendo sensores eletrônicos
(chamado de CCD) que converte a luz em bits. Os bits são manipulados
digitalmente de forma a gerar a imagem final, podendo ser previamente
visualizada em uma monitor na própria câmera (na parte traseira) e, após
clicada, a imagem é salva num cartão de memória, sendo possível sua manipulação direta
por um computador. Há hoje em dia diversos modelos. O preço normalmente é
diretamente proporcional à quantidade de pixels da foto (número de pontos que os sensores eletrônicos utilizam pode gerar a imagem final), à qualidade e à quantidade de recursos da câmera. Quanto
maior a quantidade de pontos (pixels) maior é o tamanho da imagem final.
Resolução, cartão de memória, consumo de energia
Dentre os fatores que determinam a qualidade final da imagem gerada a
quantidade de pixels é um dos principais. Dentre os demais fatores podemos citar a
qualidade da lente utilizada e os circuitos eletrônicos utilizados para leitura
da luz, foco, etc.
Normalmente as impressões são feitas utilizando-se
300 dpi de resolução. Uma câmera de 2 Mp gera uma imagem de 1600 x 1200 pixels.
Assim, se a resolução é 300 dpi (dots per inch, ou pontos por polegada), a
largura da foto final, em cm é:
2,54
cm..........................300
x
.....................................1600
x = 1600 x 2,54/300 = 13,54 cm
A quantidade de pixels é comumente chamada também de resolução, já que
mede a quantidade de pontos em uma foto.
Ou seja, uma imagem gerada numa
câmera com resolução de 2 Mp mede 13,54cm x 10,16 cm. Desta forma, uma foto
gerada nesta resolução e impressa em formato 10 x 15 não sofrerá perda de
qualidade. Mas se esta mesma foto for impressa no tamanho 13 x 18 vai haver
perda de qualidade na impressão, uma vez que os pontos deverão ser
"distanciados" uns dos outros para preencher um tamanho maior. Neste caso poder
ser que visualmente seja verificada esta perda, que é mais perceptível quanto
maior for o tamanho impresso.
Assim, se o fotógrafo normalmente imprime
fotos somente no tamanho 10x15 cm uma câmera de 2 Mp é o suficiente. Se costuma
ampliar as fotos em 13 x 18 ou 20 x 25, uma câmera de 3.2 Mpixels é suficiente,
e assim por diante. Atualmente até as câmeras compactas mais baratas já possuem mais do que 10Mp.
Algumas câmeras incluem uma memória interna para
armazenar as fotos geradas que, no entanto, é de pequena capacidade. É necessário então inserir um cartão de memória para que seja possível gravar uma quantidade suficiente de fotos. O tamanho que cada foto ocupa pode variar um pouco, dependendo dos
detalhes que a foto contém, e do grau de compactação utilizado. As câmeras
normalmente permitem a gravação das fotos em arquivos com extensão JPG (além de
outros formatos), os quais permitem a seleção do grau de compactação desejado.
Além disso, as câmeras permitem a seleção de resoluções menores que o limite da
câmera. Muitos usuários configuram seus computadores para 1024 x 768 pixels.
Assim, muitas câmeras permitem a geração de fotos com 1 Mp de resolução para
fotos a serem visualizadas em computadores, já que a foto nesta resolução ocupa
o tamanho exato da tela do monitor. Alguns modelos ainda permitem a geração de
fotos com resolução menor (640 x 480 pixels) para uso no ambiente de internet,
onde arquivos com resoluções maiores geram mais lentidão de processamento. As câmeras são normalmente conectadas ao computador
pela porta USB, e acompanham um software para transferência dos arquivos
contidos no cartão para o computador. Após a transferência pode-se apagar o
cartão e reutilizá-lo para novas fotos.
Outra característica marcante em
câmeras digitais é o alto consumo de pilhas. Alguns modelos utilizam baterias
recarregáveis, outras permitem a utilização de pilhas pequenas comuns, alcalinas ou recarregáveis de Níquel-Manganês (Ni-Mn).
O número de fotos que
podem ser batidas com estas baterias depende basicamente do grau de utilização
do flash, do monitor (desligando-o e utilizando o visor há uma economia
considerável de energia), e da "potência" das pilhas utilizadas. Se forem
utilizadas pilhas recarregáveis de 3000 mAh (miliampéres por hora) será possível tirar mais
fotos do que se utilizar pilhas de 2000 mAh. Após o término da carga é
necessário recarregar as baterias. É conveniente possuir mais de um jogo de
baterias, mantendo-se um jogo sempre carregado.
Que modelo
comprar?
Há diversos modelos de câmeras digitais à venda. E
constantemente são lançados novos modelos. O modelo mais adequado ao usuário vai
depender dos seus objetivos na fotografia, e da sua disponibilidade financeira.
Se quer somente registrar momentos, basta uma compacta. Se quer algo mais
artístico, uma compacta avançada pode ser a melhor opção. Se deseja fazer
trabalhos mais técnicos e variados, uma reflex é a solução (ver aula 3 do curso
para maiores detalhes sobre este tipo de câmera). Mas esta escolha depende muito
do que o fotógrafo vai necessitar utilizar para tirar suas fotos. Segue abaixo
uma descrição das principais características de cada tipo de máquina. Assim,
fica mais fácil o usuário escolher o modelo mais apropriado.
As
compactas geralmente são pequenas fisicamente, possuem lentes fixas, ou possuem
lentes zoom (zoom ótico) que aproximam e distanciam a imagem (ver aula 4 do
curso para maiores detalhes sobre as lentes). As que possuem lentes fixas
geralmente contém o zoom digital que, ao contrário do zoom ótico, gera perda de
qualidade na imagem. O zoom ótico "distancia" os pixels uns dos outros, piorando
a qualidade final. Possuem flash embutido com pequeno alcance, e não permitem
utilização de flash auxiliar (não possuem sapata nem ligação de cabo de
sincronismo). Em geral não permitem a regulagem manual de abertura do diafragma
e velocidade do obturador, com exceção de alguns modelos (ver aula 6 do curso
para maiores detalhes sobre a medição da luz). Normalmente pode-se somente
aumentar ou diminuir a exposição automática, em gradações pre-definidas. Em
algumas publicações este recurso é chamado inadequadamente de modo manual.
Alguns modelos possuem modos programados como cenas noturnas, pôr-do-sol,
interiores, etc.
As compactas avançadas podem possuir sapata para conexão de flash externo, lentes
com maior qualidade, e que permitem encaixe de filtros. Permitem a regulagem
manual de abertura do diafragma e velocidade do obturador. Pode ser a melhor
opção para um amador avançado, ou até mesmo para um profissional, dependendo de
sua área de atuação.
As reflex digitais possuem as mesmas
características das reflex convencionais, com lentes intercambiáveis. As
resoluções normalmente são superiores às compactas avançadas. Alguns modelos são
feitos com material mais resistente (alumínio, por exemplo). Alguns modelos
permitem conexão com um flash externo por cabo de sincronismo, além de sapata.
Há diversos
sites que fazem comparações entre modelos de câmeras, ilustrando inclusive fotos
que auxiliam na avaliação da qualidade final da câmera. Assim fica mais fácil o
usuário escolher o modelo que mais de agrada, considerando os recursos e a
qualidade da foto gerada. Um bom site é o www.dpreview.com.
Recursos e
problemas
- Permitem tirar fotos a curta
distância (macro), como, por exemplo, a 5 cm do objeto. Isto permite a geração
de fotos de insetos com uma boa aproximação. Veja foto abaixo tirada em modo
macro. Sua resolução foi reduzida para não demorar a visualização na página.
Foto 33
Local:
Bara do Piraí - RJ
Máquina: Nikon Coolpix 3100 (compacta amadora de 3.2 Mp)
Objetiva: Nikkor 38-115
-
Disparo automático de diversas fotos em sequência, além de possibilitar a
geração de uma foto com diversos quadros em sequência. Veja foto abaixo tirada
utilizando este recurso. Sua resolução foi reduzida para não demorar a
visualização na página.

Foto 34
Local: Miracema - RJ
Máquina: Nikon Coolpix 3100
(compacta amadora de 3.2 Mp)
Objetiva: Nikkor 38-115
- Disparo de
uma série de fotos em sequência e seleciona automaticamente a melhor da série,
considerando foco, nitidez, cores, etc.
- Permitem criar outra foto a partir de um trecho de uma foto já tirada.
- Gravam vídeos (a maioria grava com som também, até mesmo estéreo).
-
Seleção de sensibilidade (ASA). Em alguns modelos esta seleção é automática.
(ver aula 5 do curso para maiores detalhes sobre a sensibilidade dos filmes).
Um problema que ainda ocorre em câmeras digitais compactas é o tempo de
registro da foto após o momento que aperta-se o botão. Muitas vezes o assunto
principal (uma criança, por exemplo) sai do enquadramento correto entre o tempo
que aperta-se o botão de disparo e o momento em que a cena é registrada pela
câmera.
Outro problema nas câmeras digitais é o "ruído" visível
em fotos tiradas em ambientes com pouco iluminação, onde é utilizada uma
sensibilidade maior. Veja foto abaixo, onde nota-se ruído nos trechos escuros.
Sua resolução foi reduzida para não demorar a visualização na página.

Foto 36
Local:
Niterói - RJ
Máquina: Nikon Coolpix 3100 (compacta amadora de 3.2 Mp)
Objetiva: Nikkor 38-115
Outra característica negativa das câmeras
digitais ocorre nos modelos reflex. Devido ao fato do sensor CCD ser normalmente
menor que um fotograma a distância focal das lentes é amplificada. Ou seja, uma
lente de 100 mm passa a ter distância focal de 160 mm, por exemplo. Existem
câmeras que o sensor é "full frame", ou seja, do mesmo tamanho e formato de um
fotograma 35 mm. Neste caso as lentes funcionam com sua distância focal
original.
Arquivos em formato RAW
Algumas câmeras (as mais avançadas) permitem a geração de arquivos no formato .RAW (e não apenas .JPG). Trata-se de um arquivo que contém a totalidade dos dados da imagem tal como ela foi captada pelo sensor. Ou seja, eles não sofrem a compressão utilizada pelo processamento da câmera na geração dos arquivos .JPG. Com isso, o fotógrafo poderá trabalhar neste arquivo aplicando-se os ajustes conforme seu desejo, tais como foco, luminosidade, balanço de branco, etc.
Tais arquivos possuem geralmente um tamanho grande, e sua estrutura (e até mesmo a extensão do arquivo) varia em função do fabricante. Eles não podem ser visualizados por qualquer aplicativo gráfico. No entanto, a maioria dos aplicativos específicos para o tratamento de imagens possibilitam sua abertura e edição dos parÂmetros, permitindo-se que seja gravado um arquivo com a extensão .JPG, por exemplo, de acordo com os ajustes efetuados.
É muitas vezes chamado de "negativo digital" pois é equivalente a um filme negativo na fotografia analógica, ou seja, o negativo não é usável como uma imagem, mas contem todas as informações necessárias para criar uma. O processo de converter uma imagem crua para um formato visível é muitas vezes chamado de revelação de imagem raw.
O formato é aceito pela justiça brasileira como prova em um tribunal.
A maioria das câmeras que geram arquivos .RAW possui uma opção de geração de cópia em arquivo .JPG.
Programas para tratamento das imagens
Existem
diversos programas que permitem a realização de ajustes em arquivos de imagem. O
Photoshop é o mais conhecido. Com estes programas pode-se melhorar a qualidade
de uma foto tirada com erro de exposição, por exemplo, aumentando-se seu brilho
ou contraste. Pode-se ainda aumentar a nitidez, retirar objetos indesejáveis na
foto, corrigir distorções nas linhas de perspectivas de construções, corrigir a
cor em olhos vermelhos, reduzir a resolução da foto, corrigir fotos feitas com
horizonte torto, etc.
Há também programas para catalogar as fotos,
facilitando sua pesquisa futura. Muitos usuários gravam suas fotos digitais em
diretórios nos seus computadores, sem um registro de dados associados, o que
complica sua pesquisa futura. Estes programas (há também sites na internet para
isso) associam campos a cada foto, sendo que o usuário deve cadastrar nestes
campos informações como título da foto, local, assunto, etc. E permitem a
geração de pesquisas por estes campos, facilitando encontrar uma foto desejada.
Outro tipo de programa bem útil é o que gera slide show. São informados
para este tipo de programa uma série de fotos (de um casamento, por exemplo). O
programa então permite a gravação em CD-ROM ou DVD de um programa especial que
mostra as fotos automaticamente em sequência (o tempo de visualização de cada
foto normalmente é programável), incluindo efeitos visuais na passagem de uma
foto para outra, música de fundo, textos para cada foto, etc.
Técnicas e dicas
Gravação de arquivos
Quando se trabalha com arquivos de extensão JPG é interessante saber que
ao salvar um arquivo deste tipo deve-se selecionar um grau de compactação.
Informando-se menos de 100% o arquivo é compactado a cada vez que é salvo.
Pode-se perder a qualidade após algumas gravações.
Armazenamento
Na tecnologia convencional basta armazenar corretamente os negativos (ou
positivos) para garantir a possibilidade de geração de cópias futuras. Na
tecnologia digital é necessário criar cópias de segurança (backups) dos arquivos
de imagem armazenados. A forma mais usual e com um ótimo custo-benefício é
gravar cópias dos arquivos em DVD ou HD Externo. Convém ressaltar que um DVD pode danificar com o uso, impedindo a leitura futura de um determinado
arquivo de imagem gravado. Neste caso pode-se recorrer à gravação de um mesmo
arquivo em mais de um DVD, ou até mesmo armazenar os arquivos do backup em
algum provedor de internet seguro.
Equilíbrio do branco
O filme
fotográfico e o sensor digital são desenvolvidos para responder a uma faixa
estreita de luz, tipicamente neutra, na faixa do meio-dia. As máquinas digitais
possuem um recurso conhecido como equilíbrio de branco (white balance), que
permite o controle da resposta de luz em suas diversas faixas. Dependendo da
condição de iluminação pode-se selecionar algumas opções padrões, ou até mesmo
programar uma nova, nas câmeras mais avançadas. As opções mais comuns são os
modos automático, dia, fluorescente e tungstênio. Assim, se a câmera for
utilizada em ambiente com luz fluorescente, é conveniente selecionar este modo
de equilíbrio de branco na câmera. Neste caso as áreas brancas na cena sairão
próximas ao branco natural na foto final. Caso não se utilize este recurso o
branco sairá com outra tonalidade, que dependerá das condições de luz do
ambiente. No modo automático a câmera seleciona a configuração de acordo com o
ambiente. O fotógrafo poderá "brincar" com este ajuste, e verificar o resultado
no monitor, gerando imagens com tonalidades interessantes. Ressalto que em
alguns casos é necessário desativar este equilíbrio de branco como por exemplo
em fotos de pôr-do-sol, onde a temperatura de cor é próxima à luz de tungstênio.
O equilíbrio de branco nestes casos poderá excluir da foto final nuances de
cores característicos deste momento.
Em câmeras convencionais este
tratamento é feito através de uso de filtros ou até mesmo de filmes específicos
para cada situação (ver aula 7 do curso para maiores detalhes sobre o uso de
filtros).
Esta versatilidade das câmeras digitais proporciona uma
liberdade maior na iluminação de estúdio, que poderá ser utilizada em conjunto
com o controle de equilíbrio de branco, tornando o controle da luz mais
facilitado.